Uma equipa de cientistas identificou, pela primeira vez, algumas variantes genéticas relacionadas com a idade. Esta pesquisa abre novas perspectivas para a investigação de certas doenças relacionadas com a velhice. A descoberta pioneira permite explicar porque é que certas pessoas possuem uma idade biológica inferior à que consta do bilhete de identidade e vice-versa.
Uma pessoa pode ter 70 anos mas um organismo e células próprias de alguém com 50. A primeira é a idade cronológica, a segunda a biológica, tantas vezes díspares uma da outra. O estudo agora publicado na revista Nature Genetics debruçou-se sobre esta disparidade e alcançou uma descoberta pioneira.
A equipa de investigadores, dirigida pelo professor Nilesh Samani, do departamento de Ciências Cardiovasculares da Universidade de Leicester (Reino Unido), analisou mais de 500 mil variações genéticas em dois grupos distintos, o primeiro com 2917 participantes e o segundo com 9492, no qual os cientistas conseguiram comprovar as suas descobertas.
De acordo com a Nature Genetics, citada pelo jornal espanhol El Mundo, os investigadores descobriram variantes, todas localizadas no mesmo gene (TERC), que fazem com que as pessoas que as possuem tenham os telómeros mais curtos. Os telómeros fazem parte dos cromossomas e o seu comprimento é considerado um marcador de idade biológica. Assim, quanto mais curtos são os telómeros, mais “velho” é o organismo que os possui.
“O trabalho sugere que algumas pessoas estão geneticamente programadas para envelhecer mais rapidamente. Em concreto, o menor comprimento dos telómeros equivale a três ou quatro anos de idade biológica”, realça ao El Mundo Tim Spector. Este cientista do Kings College de Londres, que participou na investigação, sublinha no entanto, que para o envelhecimento celular influenciam também outros factores como “o tabaco, a obesidade e o estilo de vida sedentário”.